O site O PODER teve acesso à uma série de prints de conversas que mostram o suposto ‘modus operandi’ criado pelo deputado Dermilson Chagas para atacar seus colegas de parlamento e o governador do Amazonas, Wilson Lima
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Manaus | AM
Um dia após o site O PODER relevar um suposto ‘gabinete do ódio’ mantido pelo deputado Dermilson Chagas (sem partido), dentro da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALEAM), a equipe de reportagem recebeu prints do que seria o ‘modus operandi’ criado por ele para atacar não apenas o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), mas também seus colegas de parlamento.
Conforme denúncia feita no dia 10 de setembro deste ano por uma ex-servidora de 31 anos, na Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc), Dermilson estaria mantendo, com dinheiro público, uma estrutura para criar conteúdos ofensivos com o objetivo de atacar a honra de seus adversários. O farto material apresentado à polícia, revelou um cenário de deslealdade e traição no ‘coração’ da Casa Legislativa.
O conteúdo era encaminhado por um celular do deputado, conforme os prints, e tinha ‘alvos’ certos como o presidente da ALEAM, deputado Roberto Cidade (PV), e o deputado Delegado Péricles (PSL). Conforme imagem abaixo, Dermilson manda para a assessora uma montagem onde Cidade aparece ao lado de Wilson Lima, como sendo procurados, e além disso, com a frase “Inimigos do Amazonas”, sugerindo também o impeachment do governador.
Já em outro momento, o alvo é o Delegado Péricles. Segundo a publicação sugerida e encaminhada por Dermilson, Péricles teria assinado a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, da ALEAM, por puro protagonismo. Na foto do delegado, ainda aparece a frase: “Falso igual o governador e o presidente da ALEAM”.
De acordo com o depoimento da ex-funcionária, ela pediu exoneração do cargo que ocupava na alta cúpula do gabinete de Dermilson, após não aguentar as pressões e humilhações cometidas, segundo ela, pelo parlamentar. Ainda conforme a delação, a ex-servidora assumiu a autoria de mensagens difamatórias, caluniosas e de falsa identidade tendo como vítima o governador Wilson Lima, e que eram disparadas à população em geral e autoridades, por meio do número de WhatsAppp (92) 99617-35xx.
No print acima, apresentado pela ex-servidora, Dermilson supostamente dá coordenadas de como os vídeos devem ser montados para, posteriormente, serem disparados à população e políticos. A ex-assessora conta, também, que assumiu a comunicação do gabinete em janeiro deste ano, e ficou responsável pelas publicações no WhatsApp a mando do deputado para divulgar notícias contra o governador, tendo como ‘ajudantes’ um editor de vídeo e um designer, ambos responsáveis por produzirem conteúdos criminosos tais como vídeos e memes.
Ela revela, ainda, que outro ex-assessor – que atualmente mora em Curitiba – também pediu exoneração por não aguentar as humilhações de Dermilson e que, inclusive, o deputado ameaçava frequentemente seus funcionários de demissão e de perseguição, caso as mensagens falsas e criminosas em desfavor de Wilson Lima e diversos políticos do Amazonas não fossem publicadas.
Em outra mensagem, trocada entre Dermilson e a ex-servidora, ele sugere que as pessoas comecem a perguntar se os deputados estavam trabalhando no dia 24 de junho deste ano, e que o plenário supostamente vazio naquela data é “a realidade em dias de sessão”.
Dermilson também sugeriu um ‘meme’, desta vez envolvendo o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido); o governador Wilson Lima e o presidente da ALEAM, Roberto Cidade. Ele usou uma imagem de Bolsonaro levantando um ‘cartaz fake’ que sugere o impeachment de Lima. Na verdade, a foto é do dia em que o presidente recebeu o Título de Cidadão do Amazonas. O senador Omar Aziz (PSD) também é atacado em uma foto em que aparece de braços dados com o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao perceber que a ex-servidora deixou de compactuar com as publicações e que estava cansada das humilhações, Dermilson tentou uma série de conversas com ela, sempre recebendo negativas. “Eu já não conheço o Dermilson do início dessa história política e como pessoa”, escreveu. E completou: “Não tenho mais nada para tratar com você, tudo eu já resolvi com o seu chefe de gabinete. Um conselho que te dou: procure um terapeuta, e se reencontre. Você tá completamente surtado e doente. Gratidão por tudo, Deus te abençoe”, finaliza ela.
Ainda nas conversas, é abordado a criação de uma suposta chapa encabeçada pelo ex-governador do Amazonas, Amazonino Mendes, e o ex-prefeito cassado de Coari, Adail Filho, de olho nas Eleições de 2022.
Também na delação, a ex-servidora diz que abriu uma agência de comunicação, mas que não consegue desenvolver seus trabalhos por conta de inúmeras perseguições por parte do deputado e que teme por sua vida e de sua mãe, devido a influência política de Dermilson Chagas. As investigações em torno do caso já foram remetidas ao Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM).
Jurídico
O PODER entrou em contato com a advogada Florence Fleck para saber se com base na delação da ex-servidora, em quais crimes o deputado estadual Dermilson Chagas pode ser enquadrado. De acordo com ela, é evidente que o parlamentar incorre em diversos crimes, primeiramente, pode se observar a infringência a Lei de Abuso de Autoridade no artigo 33.
“Além de inúmeros casos de difamação por meio de redes sociais, o que se configura como crime contra a honra. Tem, ainda, os atos praticados que se configuram como constrangimento ilegal, pois tinham o condão de obrigar a parte a realizar determinada conduta a seu favor”, explica ela.
A jurista salienta, ainda, que existe a questão dos ilícitos caracterizados pelo assédio moral que era constante na relação entre o deputado e a servidora, conforme consta nos prints ao qual O PODER teve acesso.
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