Conforme a delação da ex-servidora, Dermilson Chagas, obrigava outros servidores a se envolverem no ato ilícito, espalhando os conteúdos, sob pena de perderem seus empregos.
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Manaus | AM
No dia 10 de setembro deste ano, a Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (Dercc) recebeu a denúncia de que o deputado estadual Dermilson Chagas (sem partido) estaria mantendo com dinheiro público uma estrutura para criar conteúdos ofensivos com o objetivo de atacar a honra de seus adversários. Entre as vítimas, seus inimigos políticos, como o governador Wilson lima e até outros deputados, que, mesmo tidos com ‘amigos’ viravam alvo pois desagradavam, em alguns momentos, os interesses do parlamentar.
As provas, uma dezena de videos, montagens em foto e prints de conversa em aplicativo de mensagem, foram entregues pela delatora à polícia, uma ex-servidora do alto escalão do gabinete de Dermilson, que trabalhava há 5 anos com o deputado e pediu exoneração em meados deste ano.
No depoimento ela explicou como coordenava pessoalmente os ataques e como estruturou, a pedido do deputado, uma espécie de ‘gabinete do ódio’, algo similar ao que a Polícia Federal (PF) já investiga em âmbito nacional, no qual são produzidos diariamente conteúdos ofensivos e fake news (notícias falsas), para distribuição em massa nas redes sociais e aplicativos de mensagem.
A estrutura, segundo ela, é mantida financeiramente com dinheiro do gabinete, ou seja, dinheiro público. Ela relata que uma equipe foi formada por um designer e um editor de vídeos e que eles, juntos movimentavam a estrutura de difamação, construindo e editando diariamente conteúdos em audiovisual, além de memes jocosos e ofensivos contra o governador e outros deputados também.
No depoimento ela chegou a confessar ter cometido o crime de falsa identidade (se passar por uma pessoa que não é) e de ter praticado, ela mesma, a pedido do deputado Dermilson, os crimes de calúnia e difamação tipificados nos artigos 138, 139 e 140 do código penal Brasileiro, contra o governador do Amazonas Wilson Lima e outros políticos locais.
A denunciante, que tem seu nome preservado nesta reportagem por questões de segurança, trabalhava desde 2016 no gabinete do parlamentar amazonense e em 2021 passou a comandar as ações criminosas lá de dentro. Segundo ela, foram dezenas de mensagens ao longo do tempo, produzidas em vídeo ou em fotos e depois direcionadas por ela e equipe, para a população em geral, para deputados e para diversos grupos políticos, através de listas de transmissão, tudo, sob a orientação e comando do deputado estadual. Na delação, a vítima descreveu ainda que sofria humilhações constantes e que outros servidores do gabinete também eram ameaçados de demissão e perseguidos quando não publicavam ou compartilhavam as mensagens falsas.
Em julho de 2021, a servidora pediu exoneração do cargo como descrito no depoimento “por não aguentar mais as pressões e humilhações”. Segundo ela, o estopim se deu após Dermilson solicitar que ela tirasse fotos da rotina íntima de um outro Deputado, se aproveitando da proximidade familiar que ela tinha com o outro parlamentar. Ela então decidiu bloquear Dermilson nos aplicativos de mensagem, conforme print de mensagens que os dois trocaram à época e que o site O PODER teve acesso. Por medo de represálias, ela decidiu mudar de cidade após as denúncias.
Até o fechamento desta reportagem, o deputado Dermilson Chagas não havia respondido às denúncias feitas por sua ex-servidora.
*Matéria atualizada nesta terça-feira (23) para acréscimo de informações
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