Situação de emergência na crise da seca não impede farra dos cachês bancados por prefeituras no Amazonas

Com a presença do cantor Zé Vaqueiro, que recebeu um cachê de 490 mil reais financiado com dinheiro público, a ‘Expomanacá 2023’ em Manacapuru chegou ao seu encerramento no último fim de semana. O Ministério Público de Contas (MPC) chegou a pedir que o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) intervisse para que os recursos não saíssem dos cofres do município, porém o show aconteceu conforme planejado pela prefeitura. A contratação ocorreu em meio a situação de emergência pública causada pela vazante dos rios.

Em Itacoatiara, a presença de três cantores de renome nacional terá um impacto significativo nas finanças públicas. Para se ter uma ideia, em janeiro deste ano, a prefeitura de São Paulo desembolsou a quantia de 450 mil reais em cachê para o cantor João Gomes. Além de João Gomes, Pablo do Arrocha, com um cachê variando entre 380 mil e 800 mil reais, e Xand Avião, com seu cachê estimado em 210 mil reais, foram anunciados como atrações do Expofest, marcado para os dias 20, 21 e 22 de outubro.

A tradicional prática de prefeitos do interior em popularizar seus mandatos e angariar votos por meio da realização de festas e da contratação de atrações nacionais, muitas vezes envolvendo custos significativos, por si só, já é uma estratégia questionável e um gasto controverso.

No entanto, ela se torna ainda mais grave diante da triste situação de emergência declarada por 50 municípios e do alerta emitido por outras 10 cidades no estado. Essa crise afetou diretamente 451 mil pessoas, das quais 112 famílias enfrentam demandas urgentes.