AO VIVO
Executivo - 16 de novembro de 2021
Foto:

MPF recomenda ações para melhoria do serviço de saúde em território indígena entre Amazonas e Roraima,

O documento do Ministério Público Federal (MPF) prevê, ainda, que o Ministério da Saúde faça uma auditoria nos gastos dos órgãos responsáveis pelo atendimento dos povos indígenas da região

Por: Redação
Compartilhe

Venha fazer parte do nosso grupo do Whatsapp e receba em primeira mão as notícias do momento!

Clique aqui

Manaus | AM | Com informações da assessoria de imprensa

O Ministério Público Federal emitiu, nesta segunda-feira (15), recomendação ao Ministério da Saúde, ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), à Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e ao Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (DSEI Yanomami) para que os órgãos reestruturem o atendimento à saúde aos povos da Terra Indígena Yanomami (TIY).

Apesar de ter recebido mais de R$ 190 milhões para assistência à saúde nos últimos dois anos, o território indígena, localizado nos estados do Amazonas e Roraima, registrou uma piora acelerada dos indicadores de saúde. A recomendação exige da Sesai e do DSEI Yanomami apresentem, em até 90 dias, um plano de reestruturação da assistência básica de saúde.

Os gestores deverão redimensionar o quadro de profissionais de saúde, desenvolver planos de ação para malária, subnutrição e mortalidade infantil, contratar empresa de transporte aéreo com horas de voo suficientes para atender todo o território e criar um subdistrito para atender as comunidades do Amazonas, mediante consulta aos Yanomami.

Diante do alto valor investido na saúde yanomami, a recomendação também exige do Denasus a realização de auditoria na Sesai e no DSEI, a fim de apurar se os serviços de saúde estão obedecendo a parâmetros de economicidade, eficiência, eficácia e efetividade.

Caso as mudanças não sejam implementadas no prazo de 90 dias, o MPF recomenda a intervenção do ministro da Saúde na Sesai e no DSEI Yanomami, para que o próprio ministério passe a gerir a saúde yanomami com a finalidade de reestruturá-la. Os órgãos recomendados devem responder ao MPF no prazo de 20 dias, apresentando o plano e cronograma de medidas, sob pena de adoção das demais medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis.

Principais problemas

A desnutrição atinge 52% das crianças de todo o território yanomami. Nas comunidades mais isoladas, até 80% das crianças estão abaixo do peso, o que faz a TIY ter índices muito superiores à média brasileira e piores que o Sul da Ásia e a África Subsaariana, onde se encontram os países com mais incidência de desnutrição infantil.

A incidência de malária também está entre as principais preocupações no território. Em menos de dois anos, foram 44 mil casos, um cenário em que toda população yanomami, de 28 mil indígenas, foi contaminada, boa parte por mais de uma vez. Apenas no ano de 2020, a TI registrou 47% de todos os casos de malária diagnosticada nas terras indígenas localizadas em território nacional.

Com a alta da malária e da subnutrição, os índices de mortalidade infantil pioraram significativamente. Somente no início do ano de 2021, a TIY registrou uma taxa de mortalidade infantil de 133,33 mortes a cada mil nascimentos. É o pior índice entre todos os DSEIs no Brasil e, tal como a desnutrição, supera as taxas de mortalidade infantil da África Subsaariana.

Falta de assistência básica

O documento aponta que tais dados, aliados ao alto investimento público no DSEI Yanomami, refletem deficiências estruturais de governança e gestão da assistência básica de saúde prestada na TIY.

Dados coletados pelo MPF indicam que o DSEI Yanomami não tem profissionais suficientes para formar equipes de saúde para atendimento de todo o território, contando com um quadro inadequado de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. Com isso, as metas de atendimentos de saúde são reiteradamente descumpridas, alcançando apenas 30% do que planejado, gerando a desassistência de muitas comunidades.

Além disso, não há registro de profissionais em áreas estratégicas: médicos para a assistência básica à saúde, biólogos para o combate à malária, antropólogo para enfrentamento da mortalidade infantil e mediação de conflitos intercomunitários e nutricionistas para ações voltadas à diminuição da subnutrição.

Dificuldade de acesso

Maior terra indígena do Brasil, a TIY possui 37 Polos Bases, 78 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) e uma Casa de Saúde Indígena (Casai Yanomami). Dada a dimensão e geografia do território, com área equivalente à de Portugal, 98% dos estabelecimentos de saúde, bem como as comunidades, são acessíveis apenas por via aérea. Procedimentos do MPF mostram que, desde 2019, a SESAI não promove licitação para a prestação do serviço de transporte aéreo.

Em 2020, o MPF já havia expedido recomendação para que a Sesai garantisse transporte aéreo para as equipes de saúde, alertando para as consequências da falta de contratação do serviço de transporte aéreo e de quantitativo adequado de horas de voo para prestação eficiente dos serviços de saúde. Segundo os relatos colhidos pelo MPF, a falta de transporte aéreo impede o atendimento médico com regularidade, a remoção de pacientes para atendimento em hospitais, o retorno de indígenas com alta médica, a troca de equipes de saúde, o abastecimento de remédios, o acompanhamento de crianças pela vigilância alimentar, o serviço de saneamento e o de construção de estabelecimentos de saúde.

As aldeias mais isoladas, justamente as mais vulneráveis, são as mais prejudicadas. O documento relata que as comunidades da Serra de Surucucus, a Oeste de Roraima, ficam meses sem receber atendimento médico por falta de helicóptero, o que reflete diretamente no índice de desnutrição das suas crianças: 80% estão abaixo do peso.

Atuação continuada

O MPF acompanha a situação da precarização do atendimento à saúde indígena no estado do Amazonas e de Roraima e adotou medidas administrativas, judiciais e mantém investigações sobre a situação em curso na TIY.

COMENTÁRIOS:

Nenhum comentário foi feito, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notas do Poder

26/07
13:13

CONVENÇÃO DO AVANTE

O prefeito de Manaus e pré-candidato à reeleição, David Almeida (Avante), confirmou que a convenção do seu partido será no próximo dia 3 de agosto, às 19 horas, no Espaço Via Torres. Os partidos Avante, PSD, MDB, DC e AGIR estão articulados para apoiar sua reeleição, com outros partidos em tratativas. O anúncio do vice-prefeito ocorrerá próximo à convenção, com possíveis candidatos sendo Renato Júnior, Capitão William Dias e Shádia Fraxe. Almeida busca um vice com um perfil semelhante ao de seu atual vice, Marcos Rotta, elogiando sua lealdade e contribuição.

26/07
13:12

PREFEITO MULTADO

O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) multou o prefeito de Barreirinha, Glênio Seixas (MDB), em R$ 13.600 devido à contratação irregular do cantor Raí Saia Rodada para a décima quinta Exposição e Feira Agropecuária de Barreirinha. A denúncia do Ministério Público de Contas (MPC) apontou a falta de licitação na contratação, violando princípios de transparência e competitividade. O TCE-AM também identificou falhas no cumprimento da Lei de Acesso à Informação pelo prefeito. Seixas tem 30 dias para pagar a multa, sob pena de inscrição em dívida ativa e possível cobrança judicial.

26/07
13:12

TSE REAGE A MADURO

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu não enviar representantes para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela, programadas para domingo (28). A decisão foi tomada após Nicolás Maduro, candidato à reeleição e ditador da Venezuela, afirmar que as eleições no Brasil não são auditadas. O TSE reforçou a segurança e a auditabilidade das urnas eletrônicas brasileiras e classificou as declarações de Maduro como falsas. Inicialmente, o TSE havia designado dois especialistas para a missão, mas cancelou após as declarações desrespeitosas. Maduro enfrenta acusações de repressão e restrição de liberdade no período eleitoral.

26/07
13:09

VICE DE AMOM

No processo de escolha do vice-prefeito na chapa PSD-Cidadania de Amom Mandel, o nome de Virgílio Melo, secretário-geral do PSDB-AM, “corre por fora” como uma possível surpresa. Embora não seja o favorito, Virgílio tem uma sólida experiência em gestão e é confiável para o senador Plínio Valério. Outros candidatos considerados são a juíza aposentada Maria Eunice Torres do Nascimento, o ex-deputado Humberto Michiles e o ex-deputado Ricardo Nicolau, com este último enfrentando resistência familiar para retornar à política. A decisão será anunciada na convenção partidária marcada para o próximo dia 30, no Clube do Trabalhador do SESI em Manaus.

26/07
13:07

HANG CONDENADO

Luciano Hang, proprietário da Havan, foi condenado a 1 ano e 4 meses de regime semiaberto, 4 meses de serviço comunitário e multa de 35 salários-mínimos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A condenação é por “difamação” e “injúria” contra o arquiteto Humbert Hickel, após Hang chamá-lo de “esquerdopata” e sugerir que ele “vá a Cuba”. Hickel havia liderado uma campanha contra uma estátua da Liberdade em frente à loja Havan em Canela (RS). Hang defende sua liberdade de expressão e critica Hickel, alegando que ele está distorcendo os fatos para ganhar fama.

Ver mais >>

Programas