AO VIVO
Executivo - 02 de fevereiro de 2023
Foto:

MPF pede prisão de apresentador Sikêra Jr.

O apresentador foi acionado na justiça por crime de racismo e discurso de ódio

Por: Redação
Compartilhe

Venha fazer parte do nosso grupo do Whatsapp e receba em primeira mão as notícias do momento!

Clique aqui

PAÍS | 

O Ministério Público Federal na Paraíba entrou com uma ação penal nesta segunda-feira (30) contra o apresentador de programa policialesco, José Siqueira Barros Júnior, o Sikêra Júnior, pedindo a sua prisão e o pagamento de multa por crime de racismo. O caso aconteceu no dia 5 de junho de 2018, durante a transmissão do programa “Cidade em Ação”, na TV Arapuã, afiliada à emissora RedeTV na Paraíba. Na ocasião, Sikêra Jr. proferiu falas racistas e misóginas contra uma jovem negra custodiada pelo Estado. De acordo com o MPF, Sikêra Jr. extrapolou os limites da liberdade de expressão ao incitar, inflamar e propagar discurso de ódio com atos de discriminação por gênero, preconceito, exclusão e estigmatização, violentando a dignidade humana, como prevê a Constituição Federal em seu artigo 1°.

Ainda segundo o MPF, Sikêra Júnior cometeu crime de racismo, tipificado no artigo 20, da Lei 7.716/89, “pois praticou discriminação e preconceito racial de gênero por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza, cuja pena é de reclusão de dois a cinco anos e multa”. A Constituição Federal brasileira considera racismo um crime inafiançável e imprescritível.

A 16ª Vara Federal na Paraíba será a responsável por julgar a ação, que por sua vez, não prevê acordo com o apresentador. 

Campeões em violação de direitos

Quando o assunto é violações de direitos humanos na radiodifusão brasileira, Sikêra Jr não reina sozinho. Em 2015, o Intervozes, Artigo 19 e Andi – Comunicação e Direitos, em parceria com o Ministério Público Federal, fizeram um monitoramento detalhado de 28 programas de rádio e TV ao longo de 30 dias. O levantamento revelou o número assustador de 4.500 violações de direitos humanos, que afrontavam 12 leis brasileiras e sete tratados multilaterais. Entre as violações estão o desrespeito à presunção de inocência; incitação ao crime, à violência, à desobediência às leis ou às decisões judiciárias; exposição indevida de pessoas e famílias; discurso de ódio e preconceito; identificação de adolescentes em conflito com a lei; violação do direito ao silêncio; tortura psicológica e tratamento desumano ou degradante.

É importante ressaltar que esses não são episódios isolados. É uma prática recorrente de emissoras que apelam ao sensacionalismo, à desinformação e à violação das leis que regem a radiodifusão no Brasil para obter lucro. Além de Sikêra Jr., outros apresentadores são conhecidos por infringirem a legislação vigente. 

É o caso de Luiz Bacci, à frente do Cidade Alerta, da RecordTV. Em fevereiro de 2020, o apresentador contou ao vivo para a mãe que sua filha havia sido assassinada. “A senhora quer mesmo saber das novidades?”, disse à mulher. Na ocasião, o Intervozes apresentou à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC – MPF) um requerimento de providências legais para a responsabilização da emissora por desrespeito e inadequação às normas para a radiodifusão brasileira e aos direitos humanos.

Os apresentadores, repórteres e comentadores desse tipo de programa também utilizam a mídia como palanque eleitoral. Os programas policialescos se tornaram palco para a proliferação de candidaturas políticas que fomentam a política de morte na segurança pública, além de defenderem pautas do conservadorismo religioso, propostas assistencialistas e a negação da própria política. De acordo com o levantamento realizado pelo Intervozes, em 2018, os policialescos tiveram 23 candidaturas em 10 estados. Em 2022, esse número quase dobrou: 43 candidaturas de programas policiais ou que se beneficiaram deles para a realização de campanhas políticas. A esmagadora maioria dos candidatos são homens e com larga experiência em eleições. Quase metade são de partidos que compunham a base aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Reincidente

Não é a primeira vez que Sikêra Júnior é acionado judicialmente por violar direitos humanos em emissoras de TV. O apresentador é réu em diversas ações na Justiça brasileira, entre elas, uma por misoginia e racismo e outra por discurso de ódio, discriminação e LGBTfobia, ajuizadas pelo Ministério Público Federal na Paraíba e no Rio Grande do Sul, após mobilizações do movimento feminista e movimento LGBTQIA+, como o grupo Nuances e Dignidade.

Em 2021, o Intervozes, Instituto Alana e Andi realizaram um monitoramento e apuraram que, no período de um mês, Sikêra Jr., que à época era apresentador do Alerta Nacional – programa transmitido pela TV A Crítica (AM) – violou por pelo menos sete vezes os direitos de crianças e adolescentes. O desrespeito à presunção de inocência, a exposição indevida de crianças e adolescentes em conflito com a lei e a incitação ao crime e à violência foram os mais recorrentes.

O apresentador também é alvo da campanha de desmonetização promovida pelo Sleeping Giants Brasil (SGBR). A ação busca conscientizar e responsabilizar as empresas que compram espaços de publicidade no programa apresentado por Sikêra, bem como os anunciantes que figuram nos vídeos do apresentador no YouTube. Em novembro de 2022, o SGBR já contabilizava 200 empresas que haviam deixado de financiar o programa transmitido pela RedeTV!.

Ações como a do MPF e do Sleeping Giants são fundamentais na luta pela garantia do direito à comunicação e pela devida responsabilização de todos aqueles que atentam contra os direitos humanos. 

Por uma mídia sem violações!

Com informações de Carta Capital*
Foto: Divulgação

crime ódio Sikêra Jr

COMENTÁRIOS:

Nenhum comentário foi feito, seja o primeiro!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Notas do Poder

26/07
13:13

CONVENÇÃO DO AVANTE

O prefeito de Manaus e pré-candidato à reeleição, David Almeida (Avante), confirmou que a convenção do seu partido será no próximo dia 3 de agosto, às 19 horas, no Espaço Via Torres. Os partidos Avante, PSD, MDB, DC e AGIR estão articulados para apoiar sua reeleição, com outros partidos em tratativas. O anúncio do vice-prefeito ocorrerá próximo à convenção, com possíveis candidatos sendo Renato Júnior, Capitão William Dias e Shádia Fraxe. Almeida busca um vice com um perfil semelhante ao de seu atual vice, Marcos Rotta, elogiando sua lealdade e contribuição.

26/07
13:12

PREFEITO MULTADO

O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) multou o prefeito de Barreirinha, Glênio Seixas (MDB), em R$ 13.600 devido à contratação irregular do cantor Raí Saia Rodada para a décima quinta Exposição e Feira Agropecuária de Barreirinha. A denúncia do Ministério Público de Contas (MPC) apontou a falta de licitação na contratação, violando princípios de transparência e competitividade. O TCE-AM também identificou falhas no cumprimento da Lei de Acesso à Informação pelo prefeito. Seixas tem 30 dias para pagar a multa, sob pena de inscrição em dívida ativa e possível cobrança judicial.

26/07
13:12

TSE REAGE A MADURO

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu não enviar representantes para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela, programadas para domingo (28). A decisão foi tomada após Nicolás Maduro, candidato à reeleição e ditador da Venezuela, afirmar que as eleições no Brasil não são auditadas. O TSE reforçou a segurança e a auditabilidade das urnas eletrônicas brasileiras e classificou as declarações de Maduro como falsas. Inicialmente, o TSE havia designado dois especialistas para a missão, mas cancelou após as declarações desrespeitosas. Maduro enfrenta acusações de repressão e restrição de liberdade no período eleitoral.

26/07
13:09

VICE DE AMOM

No processo de escolha do vice-prefeito na chapa PSD-Cidadania de Amom Mandel, o nome de Virgílio Melo, secretário-geral do PSDB-AM, “corre por fora” como uma possível surpresa. Embora não seja o favorito, Virgílio tem uma sólida experiência em gestão e é confiável para o senador Plínio Valério. Outros candidatos considerados são a juíza aposentada Maria Eunice Torres do Nascimento, o ex-deputado Humberto Michiles e o ex-deputado Ricardo Nicolau, com este último enfrentando resistência familiar para retornar à política. A decisão será anunciada na convenção partidária marcada para o próximo dia 30, no Clube do Trabalhador do SESI em Manaus.

26/07
13:07

HANG CONDENADO

Luciano Hang, proprietário da Havan, foi condenado a 1 ano e 4 meses de regime semiaberto, 4 meses de serviço comunitário e multa de 35 salários-mínimos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A condenação é por “difamação” e “injúria” contra o arquiteto Humbert Hickel, após Hang chamá-lo de “esquerdopata” e sugerir que ele “vá a Cuba”. Hickel havia liderado uma campanha contra uma estátua da Liberdade em frente à loja Havan em Canela (RS). Hang defende sua liberdade de expressão e critica Hickel, alegando que ele está distorcendo os fatos para ganhar fama.

Ver mais >>

Programas