A Câmara Municipal de Manaus (CMM) voltou a ser palco de momentos de tensão na sessão plenária desta segunda-feira (13). O conflito entre o prefeito David Almeida (Avante) e parlamentares, que teve início na quarta-feira (8) com a rejeição de uma proposta de empréstimo de R$ 600 milhões solicitada pela prefeitura, escalou um novo patamar e causou novas discussões no parlamento.
O vereador Marcelo Serafim (Avante) criticou a atitude do prefeito David Almeida, acusando-o de agir como um “monarca em uma monarquia” ou um “ditador em uma ditadura”.
“Os últimos dias foi o grito ensurdecedor das redes sociais e da sociedade, perturbando não os 20 vereadores que derrubaram o projeto do senhor prefeito, mas o próprio senhor prefeito, que teve as vísceras da sua administração expostas por ele mesmo, quando ele, num ato de rebeldia despropositada, se achou como um monarca em uma monarquia, como um ditador em uma ditadura. O prefeito, neste mesmo discurso no Parque Municipal do Idoso, senhor presidente, ele fala que nós negamos a Praça da Bíblia para atingir os colegas evangélicos, que nós negamos creches, que nós negamos UBS’s. No pedido de empréstimo do prefeito David, nem na lei, nem na justificativa da lei, senhores, tinha absolutamente nada disso. O prefeito, quando vai para a imprensa falar isso, ele falta com a verdade.”, criticou.
Já o vereador Capitão Carpê (Republicanos) reforçou as declarações, chamando a atitude do prefeito de “extrema” e sugerindo que o prefeito poderia perder o mandato por atentar contra a autonomia do município e o livre exercício da Câmara Municipal de Manaus.
“A campanha de reformação, presidente, do prefeito e assessores e demais secretários, subsecretários, familiares, contra membros da Câmara Municipal de Manaus e, o que é mais grave, o bloqueio dos nossos recursos, recursos dessa casa, é um ato de extrema por parte do ditador Gastão”, enfatizou.
Distrações
Nas declarações do vereador Dione Carvalho (Patriota), a discussão tomou outros rumos. Ele expressou afirmou que a Câmara estava sendo atacada por portais e que era necessário tomar medidas para garantir a independência do órgão.
“Pegando o raciocínio do nome amigo, respeitosamente, o discurso do pregador é muito bonito, mas quando se fala, principalmente quando se fala das redes sociais, porém, Sr. Presidente, a regra só vale para a oposição. Para a situação, não vale […] A Câmara paga os portais e os portais batem na gente. Eu tenho a plena convicção de que quando eu sair daqui e eu sentar na minha cadeira, eu serei bombardeado por robôs, fake news”, acusou.
O vereador Lissandro Breval (Avante) defendeu a necessidade de respeito à Câmara e pediu que a mesa tomasse uma posição. “Tem que se retratar agora, porque isso não existe. Então, penso nesse sentido que ele coloque, que ele apresente as provas, porque isso que ele fez aqui é uma queda de depor. Em momento algum, a estrutura da Câmara, e eu estou falando com parte da mesa de diretora, buscou meios que não sejam legais para esses ataques sim, que vem acontecendo pela estrutura municipal. Temos cópias do WhatsApp, prints, onde secretários pedem para repassar mensagens falsas de fake news. Essa casa nunca fez isso. Então, eu peço, independente de base ou não, se votou contra ou não, é isso que se trata, não vão acusar injustamente essa casa. Se dê respeito, tenha respeito pelo seu cargo operador”, concluiu.
Caio André ‘puxou para o assunto do dia’
O vereador Caio André (Podemos) descreveu o bloqueio dos recursos da Câmara como um “crime contra a Constituição da cidade de Manaus” e pediu uma investigação completa do incidente.
“A Câmara não poderia, não conseguiu fazer nenhum movimento financeiro e orçamentário porque o sistema foi bloqueado por uma secretária, eu não vou dizer o nome dela, por uma funcionária municipal da SEMEF, que impediu que a Câmara Municipal de Manaus, durante 23 horas, conseguisse efetuar qualquer movimentação orçamentária e financeira.”, disse.
“O tema de hoje é exatamente para tratar do bloqueio das contas da Câmara Municipal de Manaus efetuado pela Prefeitura. O que foi bloqueado na semana passada, durante 23 horas, foi todo o sistema orçamentário e financeiro. Logo após a votação aqui em plenário do empréstimo que foi rejeitado. E eu volto a repetir como fiz na semana passada. Não quero crer e acredito piamente que isto não aconteceu em retaliação à votação. Até porque, se isso aconteceu, em virtude disso, está claramente declarada guerra a demografia na cidade de Manaus”, declarou.
O parlamentar ainda garantiu que medidas de apuração devem ser adotadas nos próximos dias. “Foi a Constituição Federal que foi atacada. E nós iremos apurar com a convocação do secretário, da subsecretária e da funcionária que efetivamente efetuou o bloqueio. Queremos entender o que foi que aconteceu para, aí sim, a Câmara tomar, junto com a coordenadoria parlamentar, que não houve nenhum outro ataque maior a este parlamento, que está na história deste parlamento, do que esta invasão na competência e na autonomia deste poder”, concluiu.
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