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Seca, produção industrial, férias coletivas e arrecadação: o que acontece na economia do Amazonas?

Setores mais afetados, possíveis impactos no mercado e desafios para o futuro foram analisados por especialistas ouvidos pelo site O Poder

Por: Leon Furtado
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A grave estiagem no Amazonas desencadeou uma série de impactos econômicos. O alerta se volta para o impacto desses efeitos na produção industrial, nas vida dos trabalhadores, no comércio e na arrecadação tributária.

Segundo o economista Mourão Júnior, a antecipação das férias coletivas reflete a falta de insumos para a produção. Ele ressalta que, neste período, quase no final do semestre, as indústrias já deveriam estar produzindo para atender à demanda a partir de janeiro, incluindo os pedidos para datas importantes como Natal, Black Friday e Ano Novo. A antecipação das férias, porém, sugere uma dificuldade no abastecimento de matéria-prima, o que, a longo prazo, pode impactar a arrecadação e a produção das empresas. O economista ainda destaca o impacto sobre os trabalhadores, que, devido à falta de atividade econômica, podem ter redução na renda e, ao mesmo tempo, aumento nos gastos em casa, gerando um desequilíbrio na economia local.

“A paralisação agora devido à estiagem das empresas dando férias coletivas, esse período agora, já quase no final do semestre, ele já é um período que as indústrias produzem para vendas a partir de janeiro. Os pedidos que eram para o Natal, Black Friday, Ano Novo, geralmente até pelo mês oito ou nove (agosto e setembro) que as empresas já produzem para as indústrias já mandarem para as empresas”, explicou.

Mourão Júnior também levantou a questão dos polos mais vulneráveis a essas interrupções de produção, apontando que Manaus, geograficamente distante dos grandes centros consumidores, sofre com a falta de estradas, dependendo do transporte fluvial e aéreo. Além disso, ele observa que a situação não afeta apenas alguns setores, pois a maioria das fábricas no Polo Industrial de Manaus (PIM) depende de insumos vindos de fora, o que faz com que a crise atinja a todos os segmentos de forma democrática.

“Há um risco, porque se as fábricas não conseguirem honrar seus compromissos comerciais, pode ser que ano que vem os grandes clientes tenham buscado outras fontes temerosas para não sofrerem de novo”, alertou.

A economista Denise Kassama compartilha da possibilidade e alertou que a antecipação pode gerar um impacto no cumprimento dos acordos comerciais de produção, especialmente nas datas importantes como a Black Friday e o final do ano. Kassama alertou para o risco de os grandes clientes buscarem outras fontes de abastecimento caso as empresas não consigam honrar seus compromissos comerciais. Além disso, ela destacou que a economia do Amazonas depende fortemente do PIM e que não foram criados planos alternativos para situações como a atual estiagem.

“Se está tendo férias coletivas é porque não tem insumos para a produção. Então, isso não deixa de ser uma notícia ruim, porque se não está produzindo, não está faturando, não está arrecadando, por aí vai”, explicou.

Já o economista Orígenes Martins identificou que o setor de ar-condicionado, a linha branca em geral e o setor de duas rodas como os mais prejudicados. Martins fez um alerta sobre a perspectiva para o final de 2024, destacando que, se não houver mudanças nas políticas econômicas do governo, a região enfrentará sérios problemas em termos de arrecadação, produção, emprego e renda, afetando não apenas o PIM, mas todo o Brasil.

“A falta de confiança do empresariado na situação atual da economia e principalmente nos efeitos nocivos que essas últimas medidas do governo estão causando para a nossa região, levam os empresários a temer até pelo futuro mesmo do poder industrial de Manaus”, enfatizou.

O economista Inaldo Seixas destacou que os impactos das férias coletivas são relativos, já que afetam um contingente menor de trabalhadores no momento, representando cerca de 15% a 20% do total de trabalhadores do PIM. No entanto, ele ressaltou que, se a situação se prolongar e a seca continuar, o impacto pode aumentar. Seixas observou que a diminuição na produção afeta não apenas a arrecadação do estado, mas também diversos setores, como transporte público, alimentação nos restaurantes das indústrias e outros segmentos que prestam serviços às empresas do PIM. Ele enfatizou que, como a maioria da produção é destinada ao mercado nacional, a demanda para a Black Friday e o final do ano pode sofrer atrasos e encarecimento devido à restrição de transporte.

“Eu não sei se as empresas estão atendendo a uma lógica realmente desviada da estiagem por conta da falta de insumos, ou se foi uma má programação dessas empresas, na questão do estoque, né, de manter o estoque, já pensando nas duas principais datas do final do ano, que foi a Black Friday e a compra no final do ano, pode ter havido essa, vamos dizer assim, esse descompasso na programação dos estoques, dos insumos para abastecer, ou já é um oportunismo dessas empresas para adiantar as empresas coletivas e depois com isso irem ajustando a planilha de acordo com as semanas que virão para os próximos meses, né, no sentido de manter a sua margem de lucro, manter a sua rentabilidade e aproveitando-se de uma situação completa”, considerou.

Empresas do Polo Industrial de Manaus adiantam férias de funcionários

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal), Valdemir Santana, anunciou que várias empresas comunicaram ao sindicato sobre a necessidade de tomar medidas devido à escassez de matérias-primas e componentes. Como resultado, essas empresas estão considerando antecipar férias coletivas ou implementar compensações para os trabalhadores, variando de 5 a 15 dias. A situação não é devido à falta de vendas ou produção, mas à dificuldade de transportar produtos agrícolas para fora do estado e de receber componentes para a produção futura.

“É importante que as pessoas entendam que várias fábricas estão passando por esse problema, embora não sejam todas. Além disso, cada fábrica enfrenta desafios diferentes. Por exemplo, no caso de uma empresa eletrônica, a dificuldade está relacionada aos componentes. Enquanto em uma fábrica de motos, a questão está ligada à venda desses produtos. Portanto, é fundamental compreender que mais de 25 empresas já notificaram o sindicato sobre essas ações, que envolverão aproximadamente 15 mil trabalhadores. Essas medidas estão programadas para ocorrer entre outubro e novembro, em vez de dezembro, como é tradicional.”, explicou.

Suframa comunicada oficialmente pela Samsung

Segundo o titular da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Bosco Saraiva, até o momento, a Samsung é a única empresa que oficialmente notificou a autarquia sobre a antecipação das férias coletivas. Segundo ele, a fábrica optou por antecipar as férias coletivas para as linhas de produção de TVs e ar-condicionado, envolvendo cerca de 1,4 mil funcionários.

“Tradicionalmente, as empresas do Polo Industrial de Manaus anunciam suas férias coletivas no final do ano, geralmente a partir da segunda quinzena de dezembro, coincidindo com as festas de Natal e Réveillon. A Samsung, no entanto, comunicou a antecipação das férias coletivas de suas linhas de produção de TVs e ar-condicionado, envolvendo cerca de 1.400 funcionários, de 30 de outubro a 14 de novembro. Essa antecipação foi necessária para reabastecer a fábrica com insumos que sofreram atrasos na entrega devido à seca do rio. Até o momento, não há informações oficiais sobre a antecipação de férias coletivas de outras empresas. A SUFRAMA continuará a divulgar informações à medida que forem disponibilizadas oficialmente.”, relatou.

Edição de conteúdos: Thiago Gonçalves

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