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Economia - 06 de dezembro de 2023
Foto: Reprodução/internet

Seca é a causa do aumento de preço do cimento em Manaus, apontam especialistas

A escassez do produto resultou em aumento da demanda e redução da oferta, impactando os custos e atrasando obras na construção civil

Por: Filipe Távora
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Os economistas Orígenes Martins, Lenice Benevides e Altamir Cordeiro atribuíram o aumento de preços em sacos de cimento à estiagem histórica enfrentada pelo Amazonas neste ano. O trio, bem como o analista político Anderson Fonseca e a economista Michele Aracaty, conversou com O Poder nesta quarta-feira (6) em meio a várias publicações de internautas que usaram a internet para reclamar do aumento do valor dos insumos.

Segundo Cordeiro, o acréscimo nos preços do produto é um reflexo do aumento da demanda e  redução da oferta do insumo, que ocorreu devido ao período de seca que o Amazonas viveu em 2023. O profissional acredita, que, com a regularização do nível das águas, o problema será normalizado.

“Com a baixa oferta, as empresas de materiais de construção estão limitando as vendas aos consumidores. E nesse período há uma grande demanda pelo produto, implicando no aumento dos preços. As consequências econômicas se dão no aumento dos custos e atrasos nas obras por falta desse produto importante na construção civil”, disse.

Setor em problemas

Martins afirmou que a área da construção civil é sensível à economia. Embora empregue bastante, é um setor cujos preços movimentam-se com rapidez — em aumento ou decréscimo de valores — quando há qualquer oscilação na economia.

“A questão do aumento de preços do cimento em Manaus é resultado da velha lei da oferta e da procura. Houve, talvez pela questão da seca do rio ou da nossa dificuldade história de logística, falta do produto no mercado. Quando há baixa na oferta, ocorre aumenta do preço. Quem paga é o consumidor. Essa falta da oferta do produto fez com que o preço disparasse”, declarou.

Embora haja diminuição na oferta do insumo, a demanda continua normal ou pode até aumentar no caso do cimento, conforme Martins. Isso se deve há ocorrência de várias pessoas, que, no final do ano utilizam o benefício do 13º salário garantido aos trabalhadores formais para realizar obras de construção.

Martins acredita que a estabilização do preço não será imediata, mesmo com o carregamento anunciado por Corrêa. O economista atribui essa expectativa à trâmites práticos, como processos de descarregamento, distribuição e devido ao baixo nível das águas dos rios nos municípios do interior, que enfrentam problemas sérios de distribuição em decorrência desse fator. “Vamos ter que conviver, por algum tempo, com esse preço distorcido do cimento, que é um insumo tão importante à economia de qualquer região e para o consumidor de forma geral”, disse o economista

Possível Infração

O analista político Anderson Fonseca afirmou que um caso de infração ao código do consumidor talvez possa ser traçado no presente contexto. O especialista entende que há duas possíveis explicações para o elevado preço do cimento permanecer: demora de abastecimento do insumo em lojas ou mantimento do preço alto pelos estabelecimentos de venda.

Na segunda hipótese, caso as empresas estejam usando o período de escassez para promover um preço mais alto do produto, mesmo já dispondo do insumo, ocorre um caso de infração ao código do consumidor.

“Das duas, uma: ou as lojas ainda não estão totalmente abastecidas, o que geraria uma escassez do produto que justifica o valor elevado, ou as lojas já estão abastecidas, mas estão querendo ganhar uma ‘gordurinha´ aí em cima, mantendo o valor elevado do produto. Neste caso, deve-se procurar os canais competentes de proteção ao consumidor para as devidas denúncias e efetiva reversão dessa circunstância”, declarou.

Concentração empresarial

Segundo Benevides, que além de economista também atua como professora do departamento de economia e análise da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a produção de cimento brasileira é concentrada em poucas empresas.

“Temos seis empresas no país que controlam de 80% a 90% da produção do insumo no Brasil. Aqui no Amazonas temos a Mizu e Votorantim. O que estou vendo em pesquisas é a desculpa da seca, o que impossibilitou a navegabilidade de navios em quantidade suficiente para o mercado amazonense”, disse.

A especialista afirmou, ainda, que a situação é complicada para quem precisa do cimento para realizar reformas e construções.

Para Aracaty, o ambiente de negócios precisa ser ajustado para que o preço possa ser mais competitivo e também favorável ao consumidor. “O cenário regional é de desafios. Além das questões logísticas regionais, temos o aspecto mercadológico de concentração de mercado que chamamos de monopólio”, afirmou.

O Instituto de Defesa do Consumidor do Amazonas (PROCON-AM) foi contatado e encaminhou nota postada em uma das redes sociais da instituição. Por meio do texto, o órgão afirmou que inspeção realizada em uma fábrica de cimento constatou que a empresa tem enfrentado dificuldades no fornecimento devido à escassez de insumos, o que resultou em oferta reduzida para revendedores.

Reclamações nas redes sociais

O titular da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (SEDECTI) Serafim Corrêa (PSB) postou em uma rede social, no dia 3 de dezembro, um post em que confirmou a chegada de um navio com cimento a Manaus. “Com isso, o abastecimento caminha para a normalização e o preço deve começar a reduzir. Vamos em frente”, escreveu Corrêa.

Na seção de comentários da postagem, usuários reclamaram dos preços. “Me recuso a pagar mais de 50 reais em um saco de cimento”, postou um. “Podemos denunciar as lojas ao Procon caso não normalizem os valores?”, escreveu outro.

Um dos internautas comentou que comprava sacos de cimento por R$ 52. Segundo afirmado pelo PROCON-AM ao site O Poder, o preço do insumo está alcançando a quantia de R$ 130,00, o que simboliza um aumento de 150%.

Veja abaixo o post de Corrêa:

 

Economia #Serafim Correa Aumento de preços Cimento

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