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Economia - 23 de julho de 2021
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Decretos pró-armas de Bolsonaro enfrentam resistência no Senado

Brasília -DF-  Prioridade de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a facilitação do acesso a armas de fogo não avançou no Senado num semestre marcado pela reação contrária a quatro decretos presidenciais sobre o tema. Vários dispositivos desses decretos foram suspensos por liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber. Um projeto do Senado […]

Por: Redação
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Brasília -DF-  Prioridade de campanha do presidente Jair Bolsonaro, a facilitação do acesso a armas de fogo não avançou no Senado num semestre marcado pela reação contrária a quatro decretos presidenciais sobre o tema. Vários dispositivos desses decretos foram suspensos por liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber. Um projeto do Senado para sustar os decretos (PDL 55/2021) teve sua votação adiada, à espera da conclusão do julgamento no Supremo.

Desde o início do governo, Bolsonaro vem editando decretos para driblar a resistência que tem encontrado no Congresso. Alguns deles foram contestados em decretos legislativos e ações judiciais, mas outros entraram em vigor, como o que autoriza que cada pessoa registre quatro armas (antes eram duas); o que permite posse de armas a moradores de áreas rurais; o que aumenta o limite anual de munições de 50 para 200 (e depois, para 550); e o que revoga três portarias do Exército que possibilitavam o rastreamento e o controle de armamentos.

Publicados em 12 de fevereiro, os Decretos 10.627, 10.628, 10.629 e 10.630 regulamentam o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826, de 2003), no sentido de flexibilizar normas e ampliar o acesso a armas de fogo. Entre outros dispositivos, as normas permitem que profissionais autorizados, além de colecionadores, atiradores e caçadores (CACs), possam comprar mais armas e munições. Também modificam os critérios para análise do pedido de concessão de porte e reduzem a lista de artefatos classificados como produtos controlados pelo Exército (PCEs).

Contestação

Vários senadores reagiram imediatamente, apontando extrapolação no poder regulamentar do Executivo e violações ao Estatuto do Desarmamento, citando estatísticas sobre o aumento do número de homicídios no Brasil e contestando o esvaziamento do poder do Exército na fiscalização de produtos controlados.

“Mais armas geram mais insegurança e violência. O que o país precisa é de vacina! É de cuidado com a saúde da população e de políticas de combate ao coronavírus”, comentou nas redes sociais o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) sobre a edição dos decretos. Em sentido contrário, o então líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP), manifestou-se a favor das medidas, que classificou como “uma defesa do sagrado direito à legítima defesa do cidadão”.

Os senadores apresentaram 14 projetos de decreto legislativo com o intuito de cancelar total ou parcialmente os decretos presidenciais. Na justificação do PDL 55/2021, submetido a tramitação conjunta com os outros 13 PDLs, o senador Paulo Rocha (PT-PA) afirma que o Executivo extrapolou seu poder regulamentar, usurpando competência do Congresso Nacional, que “é o local adequado para se realizar qualquer alteração no que diz respeito ao porte e à posse de armas de fogo”.

Em 12 de abril, na semana em que os decretos presidenciais entrariam em vigor, uma liminar da ministra Rosa Weber suspendeu vários de seus dispositivos, como o que abre a possibilidade de aquisição de até seis armas por civis e oito por agentes estatais e de porte de duas armas simultaneamente. A liminar foi deferida em resposta a cinco ações diretas de inconstitucionalidade levadas ao Supremo pelos partidos PSB, PT, PSOL e Rede. Na mesma data, os senadores concordaram em adiar a votação do PDL 55/2021 para aguardar a decisão do STF sobre o tema, mas o adiamento sofreu críticas.

O senador Humberto Costa (PT-PE), que declarou esperar que o Senado pudesse conter o “derrame de armas de fogo” através de PDL, comentou à época nas redes sociais: “O Supremo Tribunal Federal assumiu a dianteira. Vale a máxima do futebol: quem não faz, leva!”.

No mesmo sentido, o senador Paulo Rocha afirmou sua convicção de que os “absurdos jurídicos cairão um a um”, enquanto o senador Jean Paul Prates (PT-RN) declarou, em entrevista à Rádio Senado, que a decisão de Rosa Weber já era esperada, diante do “perigo iminente” de normas que implicariam “entrada de mais de 500 armas a cada 24 horas nas mãos de pessoas comuns”. O senador Marcos Rogério (DEM-RO), entretanto, criticou o “comportamento ativista” da ministra, que representaria mais uma interferência do STF nas atribuições do Senado.

Em seu último relatório sobre o PDL 55/2021, também apresentado em 12 de abril, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) se posicionava a favor da manutenção integral dos decretos presidenciais e pela prejudicialidade dos trechos suspensos por Rosa Weber, que não seriam votados. A intenção, segundo o senador, seria evitar insegurança jurídica com decisões conflitantes entre os Poderes Legislativo e Judiciário.

Em 16 de abril, o STF interrompeu o julgamento sobre a suspensão dos dispositivos dos decretos, após pedido de vista do ministro Alexandre de Moraes. A liminar de Rosa Weber permanece válida, mas não há data para retomada do julgamento.

Em resposta aos decretos presidenciais, Eliziane Gama (Cidadania-MA) apresentou o PL 479/2021 — atualmente aguardando tramitação —, que proíbe doações a campanhas eleitorais por pessoas ligadas à indústria e comércio de armas e munições, clubes e associações de tiro, e também o projeto de resolução (aprovado e promulgado em 14 de abril) que cria a Frente Parlamentar pelo Desarmamento.

— Nós temos hoje, no Brasil, o fato de que 70% dos homicídios são com armas de fogo. A Polícia Federal demonstrou claramente que houve 65% de aumento no número de armas de fogo — disse a senadora, ao defender a criação da frente parlamentar.

Prioridades

Também recebeu críticas de senadores a inclusão de proposta sobre armas de fogo na lista de propostas prioritárias para o governo, apresentada em 3 de fevereiro aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e do Senado Federal, Rodrigo Pacheco. Apesar da ênfase em pautas relacionadas à crise econômica e ao enfrentamento da covid-19, uma das propostas da lista traz regras para flexibilizar registro, posse e comercialização de armas de fogo (PL 3.723/2019).

Na ocasião, em redes sociais, Eliziane contestou a prioridade do governo: “É inadmissível que, num país com 14 milhões de desempregados, o presidente peça ao Congresso para priorizar ampliação do porte de armas”.

O PL 3.723/2019 regulamenta a posse e o porte de armas de CACs, além de mudar penas de crimes com armas, entre outros temas. A Câmara aprovou o projeto na forma de um substitutivo, apresentado pelo deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que amenizou o texto encaminhado pelo Executivo, retirando qualquer possibilidade de estender o porte e posse a outras categorias além dos CACs.

Outra mudança promovida pelos deputados estabeleceu no texto que o atirador esportivo maior de 25 anos terá direito ao porte de armas somente depois de cinco anos da primeira emissão do certificado de registro. Com relatoria do senador Marcos do Val, o projeto tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), onde recebeu quatro emendas. Não há previsão para retomada da tramitação da matéria.

Outro projeto identificado como prioritário pelo governo ainda está na Câmara dos Deputados, onde aguarda parecer do relator. Também de autoria do Executivo, o PL 6.438/2019 amplia a posse e o porte de armas de fogo para categorias públicas que trabalham em situações de risco como guardas municipais, rodoviários ou portuários, oficiais de justiça e agentes de segurança.

Com tema semelhante, tramita desde 2019 no Senado o Projeto de Lei 3.713/2019, batizado de PL das Armas, apresentado pelos senadores Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), Major Olímpio (morto em março deste ano, em decorrência da covid-19), Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) e Soraya Thronicke (PSL-MS) com o objetivo de restaurar o conteúdo de outros decretos presidenciais revogados. Entre outros dispositivos, a proposição aumenta a potência de arma autorizada para civis e torna obrigatória a realização de exame toxicológico para aquisição de arma de fogo. Atualmente o projeto tramita na CCJ na forma de substitutivo apresentado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que, à época, pontuou que o “legítimo” acesso a armas de fogo não pode ser a política de segurança do país.

— Esse exercício de um direito individual não se confunde com medida de combate à criminalidade ou mesmo de reforço para a atividade de segurança pública. O único caminho para reduzir os indicadores alarmantes de violência no Brasil é a adoção de uma política de segurança pública — avaliou.

E a Comissão de Direitos Humanos (CDH) recebeu em fevereiro uma sugestão legislativa nos moldes da segunda emenda da Constituição dos Estados Unidos, no sentido de conferir aos cidadãos brasileiros o direito de “possuírem e portarem armas de fogo livremente”. Derivada de uma ideia legislativa apresentada ao Senado por um cidadão, por meio do Portal e-Cidadania, a sugestão foi encaminhada à CDH após superar a marca de 20 mil manifestações individuais de apoio. A matéria aguarda designação de  relator. Se aprovada, passará a tramitar no Senado como projeto de lei.

*Agência Senado

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Notas do Poder

26/07
13:13

CONVENÇÃO DO AVANTE

O prefeito de Manaus e pré-candidato à reeleição, David Almeida (Avante), confirmou que a convenção do seu partido será no próximo dia 3 de agosto, às 19 horas, no Espaço Via Torres. Os partidos Avante, PSD, MDB, DC e AGIR estão articulados para apoiar sua reeleição, com outros partidos em tratativas. O anúncio do vice-prefeito ocorrerá próximo à convenção, com possíveis candidatos sendo Renato Júnior, Capitão William Dias e Shádia Fraxe. Almeida busca um vice com um perfil semelhante ao de seu atual vice, Marcos Rotta, elogiando sua lealdade e contribuição.

26/07
13:12

PREFEITO MULTADO

O Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) multou o prefeito de Barreirinha, Glênio Seixas (MDB), em R$ 13.600 devido à contratação irregular do cantor Raí Saia Rodada para a décima quinta Exposição e Feira Agropecuária de Barreirinha. A denúncia do Ministério Público de Contas (MPC) apontou a falta de licitação na contratação, violando princípios de transparência e competitividade. O TCE-AM também identificou falhas no cumprimento da Lei de Acesso à Informação pelo prefeito. Seixas tem 30 dias para pagar a multa, sob pena de inscrição em dívida ativa e possível cobrança judicial.

26/07
13:12

TSE REAGE A MADURO

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu não enviar representantes para acompanhar as eleições presidenciais na Venezuela, programadas para domingo (28). A decisão foi tomada após Nicolás Maduro, candidato à reeleição e ditador da Venezuela, afirmar que as eleições no Brasil não são auditadas. O TSE reforçou a segurança e a auditabilidade das urnas eletrônicas brasileiras e classificou as declarações de Maduro como falsas. Inicialmente, o TSE havia designado dois especialistas para a missão, mas cancelou após as declarações desrespeitosas. Maduro enfrenta acusações de repressão e restrição de liberdade no período eleitoral.

26/07
13:09

VICE DE AMOM

No processo de escolha do vice-prefeito na chapa PSD-Cidadania de Amom Mandel, o nome de Virgílio Melo, secretário-geral do PSDB-AM, “corre por fora” como uma possível surpresa. Embora não seja o favorito, Virgílio tem uma sólida experiência em gestão e é confiável para o senador Plínio Valério. Outros candidatos considerados são a juíza aposentada Maria Eunice Torres do Nascimento, o ex-deputado Humberto Michiles e o ex-deputado Ricardo Nicolau, com este último enfrentando resistência familiar para retornar à política. A decisão será anunciada na convenção partidária marcada para o próximo dia 30, no Clube do Trabalhador do SESI em Manaus.

26/07
13:07

HANG CONDENADO

Luciano Hang, proprietário da Havan, foi condenado a 1 ano e 4 meses de regime semiaberto, 4 meses de serviço comunitário e multa de 35 salários-mínimos pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A condenação é por “difamação” e “injúria” contra o arquiteto Humbert Hickel, após Hang chamá-lo de “esquerdopata” e sugerir que ele “vá a Cuba”. Hickel havia liderado uma campanha contra uma estátua da Liberdade em frente à loja Havan em Canela (RS). Hang defende sua liberdade de expressão e critica Hickel, alegando que ele está distorcendo os fatos para ganhar fama.

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