Entrevista revela questões de violência, desmatamento e a luta dos indígenas por seus direitos
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Em uma entrevista realizada durante os Diálogos Amazônicos, evento que contribuiu com propostas para a Cúpula da Amazônia em Belém, a líder indígena Concita Sompré, professora e presidente da Federação dos Povos Indígenas do Pará (Fepipa), expôs os desafios e o sofrimento enfrentados pelos povos indígenas no Brasil. A conversa, conduzida pelo jornalista e apresentador Álvaro Corado, revelou questões que vão além da violência física, incluindo o descaso por parte dos não indígenas, o desmatamento e a poluição dos rios, além da falta de visibilidade na mídia para a realidade dos povos indígenas, incluindo os assassinatos de crianças indígenas.
O descaso ambiental e a violência
Concita Sompré destacou que os povos indígenas enfrentam não apenas a violência física, mas também o descaso por parte daqueles que não são indígenas. Ela ressaltou que o desmatamento e a poluição dos rios, causados por outros grupos, impactam diretamente o futuro das comunidades indígenas. Além disso, ela enfatizou que a mídia muitas vezes não mostra a realidade dessas comunidades, deixando de reportar assassinatos de crianças indígenas e outras formas de violência.
Fortalecimento da comunicação Indígena
Para combater essa falta de visibilidade, Concita explicou que a Fepipa tem buscado parcerias para fortalecer a rede de comunicação, formando comunicadores indígenas e gerando visibilidade para as questões enfrentadas pelos povos indígenas. No entanto, ela reconhece que o alcance ainda é limitado e atinge principalmente simpatizantes da causa.
“A Fepipa, a qual presido, tem conseguido poucos, mas tem parcerias para fortalecer e formar comunicadores indígenas”, explicou.
Violência contra mulheres indígenas e o movimento LGBQIA+
A líder indígena também abordou os abusos sofridos por mulheres indígenas tradicionais e o surgimento do movimento LGBQIA+ nas comunidades indígenas, que, apesar de recente, enfrenta violência e mortes. Ela destacou que esses fatores contribuíram para o aumento da discriminação contra os povos originários.
“Tudo isso é um pacote, para fortalecer e dizer que a violência é bem-vinda”, afirmou.
Dominação e apropriação
Concita definiu a questão da dominação e apropriação dos povos indígenas como a intenção do Estado em relação a eles. Ela acusou o governo de desalojar os indígenas de suas terras para atender a interesses próprios, mesmo contrariando a opinião indígena em relação a projetos em seus territórios.
Desafios no Sistema de Saúde
A líder indígena também abordou os desafios enfrentados no sistema de saúde indígena, incluindo a falta de respeito pelos agentes de saúde em relação aos pajés, que são considerados os médicos de fato das comunidades. Ela enfatizou que o sistema de saúde precisa se preparar para trabalhar em conjunto com a medicina tradicional indígena. Além disso, ela destacou a falta de medicamentos para doenças de origem urbana, deixando os povos indígenas sem os remédios necessários.
“O pajé é o médico, a medicina entra onde o pajé não consegue alcançar. As duas podem andar juntas, mas o sistema tem que preparar para estar lá”, desabafou.
Um exemplo destacado por Concita Sompré é a situação dos Yanomami, que ao longo dos anos têm sofrido devido à negligência e falta de intervenção em situações críticas, como a que ocorreu recentemente no estado de Roraima.
“O que aconteceu com os Yanomami não foi algo que ocorreu da noite para o dia; não foi durante a transição de um governo para outro. Isso já estava acontecendo, e só veio à tona quando chamou a atenção da mídia naquele momento”, declarou ela.
ONGs e o papel do Governo
Concita abordou o papel das ONGs e a falta de suporte por parte do governo em manter a seriedade dessas organizações. Ela pediu um planejamento do governo para que a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI) possa assumir a responsabilidade, destacando que a SESAI ainda não está totalmente preparada para essa transição.
Ela (Sesai) só precisa de terceiros porque ainda não está preparada totalmente para estar lá”, pontuou.
Marco Temporal e a luta pelos direitos indígenas
Por fim, a líder indígena falou sobre a política de demarcação de terras e o chamado Marco Temporal, apontando contradições na Lei que têm violado os direitos indígenas. Ela enfatizou que limitar os direitos indígenas a partir de 1988 nega a longa luta histórica dos povos originários.
“Dizer que nós só temos direito de 88 para cá é negar toda uma luta histórica dos povos originários”, comparou.
A entrevista de Concita Sompré revelou as complexidades dos desafios enfrentados pelos povos indígenas no Brasil e destacou a importância de dar visibilidade a essas questões para promover a conscientização e a ação em prol dos direitos indígenas.
Assista ao programa na íntegra:
O governador Antonio Denarium exonerou Régys Freitas do cargo de controlador-geral do Estado após determinação da Justiça, a pedido da PF, que o investiga por desvio de mais de R$ 100 milhões na Uerr. Já Dilma Costa foi exonerada da presidência do Iteraima após ação do MPRR, sendo investigada por irregularidades fundiárias e atos de improbidade. Ambos os atos foram publicados no Diário Oficial de 8 de abril.
O MPAM instaurou dois procedimentos para fiscalizar a gestão do prefeito de Envira, Ivon Rates (MDB). Um apura a nomeação de James Pinheiro como controlador da Câmara Municipal, que pode ser exonerado se não comprovar formação exigida. O outro investiga falhas no transporte escolar, com prazo de 10 dias para a Secretaria de Educação prestar esclarecimentos.
A Prefeitura de Apuí homologou contrato de R$ 1,9 milhão com a Sigma Engenharia para a construção de uma nova Unidade Básica de Saúde (UBS). A decisão foi publicada no Diário Oficial do Município (Doma), após licitação sem pendências legais.
Débora Mafra foi nomeada Ouvidora Adjunta da Guarda Municipal, conforme publicado no Diário Oficial do Município, substituindo Jean Carlos Paula Rodrigues, exonerado na mesma edição. O ex-vereador Gedeão Amorim também foi nomeado, assumindo o cargo de subsecretário executivo de Projetos da Prefeitura de Manaus.
O controlador-geral de Roraima foi exonerado após ser ligado novamente a um esquema de desvio de mais de R$ 100 milhões da UERR, quando era reitor. A nova fase da operação da PF investiga 11 pessoas, incluindo o atual reitor, Claudio Travassos. Há suspeitas de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Foram apreendidos valores em espécie, inclusive em dólares e euros, e bens foram bloqueados. O governo afirma colaborar com as investigações.
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